Baterias de Gel
Por: Rui Martins
Apesar de não ter experiência própria, directa, com baterias de gel, a minha formação "obriga-me" a ter algumas ideias sobre o assunto...
1 - É verdade que as baterias de gel, e principalmente as com as placas "enroladas em espiral" (como é o caso das Optima), resistem melhor a vibrações, não sofrem dos problemas de evaporação do electrólito, podem trabalhar em qualquer posição e não apenas na posição mais habitual. De um modo geral, também resistem melhor a situações de descarga profunda e têm muitas vezes um maior número de ciclos de carga/descarga típico.
Por todos estes factores, é normal que durem mais do que as baterias mais convencionais.
2 - Para além das vantagens enumeradas acima, as baterias de gel têm igualmente (de um modo geral) uma menor resistência interna (que se traduz numa maior corrente de curto-circuito, para capacidades semelhantes) e é precisamente isso que faz com que se diga que uma bateria de 55 AH de gel é igual ou melhor do que uma de 88 AH das convencionais, em termos de accionamento do motor de arranque, por exemplo.
Um motor de arranque, no momento em que é accionado e até começar a rodar, funciona como se fosse um curto-circuito para a bateria. Por outro lado, quanto maior for a corrente que passa no motor de arranque, mais "força" ele terá para começar a rodar e, de seguida, mais "força" ele terá para accionar o motor do veículo.
Mesmo já com o motor de arranque a girar, apresentando nesse caso já uma resistência eléctrica maior, a corrente que o atravessa será sempre inversamente proporcional à soma da resistência interna da bateria, da resistência dos cabos de ligação e da resistência apresentada pelo próprio motor de arranque. Sempre que um destes factores diminui, por exemplo, a resistência interna da bateria, aumenta a corrente eléctrica que circula e, como foi dito acima, a "força" do motor de arranque.
3 - Há contudo um aspecto que é muitas vezes esquecido... Trata-se da capacidade da bateria!
Relativamente a este aspecto, as baterias de gel saem normalmente prejudicadas na comparação com as baterias mais normais... Não propriamente porque seja impossível terem capacidades iguais às outras ou porque a sua tecnologia as prejudique... Isto acontece porque, como são bastante mais caras e tendo em atenção que comparativamente têm uma maior corrente de curto-circuito a "equivalência" é feita basicamente com base nesta última característica.
Contudo, uma bateria de gel de 55 AH de capacidade, descarregará sempre muito mais depressa do que uma de 88 AH das mais normais!
Em primeiro lugar por causa da diferença de capacidades!
Em segundo lugar, porque tendo uma resistência interna mais baixa, vai fornecer mais corrente em condições iguais, o que irá descarregar também mais rapidamente a bateria.
4 - Tentando sintetizar um pouco o que acabei de escrever, podemos dizer:
a) Quando estamos a falar de "força" de accionamento dum motor de arranque (de um guincho eléctrico, por exemplo), quanto maior for a corrente de curto-circuito (ou menor a sua resistência interna), melhor!
b) Quando estamos a falar de tempo durante o qual se pode utilizar determinado equipamento eléctrico, alimentado pela bateria, quanto maior for a capacidade desta, melhor!
|